são paulo com irmãs

Um dia desses, lamentava não ser boa em cultivar amizades. Pensava naqueles que preservam amigos de infância e questionava porquê mal consigo manter um relacionamento amigável por Whatsapp. A lamentação terminou quando percebi que minhas amigas mais antigas são, até hoje, minhas melhores amigas: minhas duas irmãs.

Quanto mais o tempo passa, mais me dou conta do presente que é tê-las em minha vida. Fico espantada com tamanha sorte de, justo elas, entre todas as pessoas do mundo, serem minhas irmãs. É uma honra e privilégio estar aqui na Terra ao mesmo tempo que elas – dividir família, casa, banheiro, roupas, alegrias e tristezas.

Desde que eu fui morar com o Dudu e a Alice na Bahia, instauramos a “viagem das irmãs”. Uma vez por ano, vamos pra qualquer lugar, nós três. Em junho de 2017, o encontro aconteceu em São Paulo. Foi um feriado maravilhoso, com muitos passeios, comidas boas, risadas, beijos e abraços. Já estou ansiosa pra próxima. 

(O Dudu foi junto e ficou com amigos nossos. Já nós três ficamos na casa da minha madrinha – que era pra ficarmos bem juntinhas mesmo. <3 )

bahia do meu coração

27 de outubro de 2016

O taxista falava sem parar no caminho pro aeroporto. Agradeci ao Dudu por dar trela – minha cabeça estava ocupada com o que deixava para trás: a obra da nossa casa, as cachorrinhas, minhas irmãs. Acostumada a estar no controle, questionei se era um bom momento para viajar.

Mas, por maiores que fossem as responsabilidades inacabadas, maior era o preço que eu pagava por elas. Há meses minha saúde pedia socorro, com sinusites e infecções urinárias recorrentes. Desesperada, aceitei emendar cartelas de antibióticos que me deixavam enjoada, sem energia e ainda mais doente…

Sabia que a solução era me afastar, distribuir o peso que carregava e confiar que tudo ficaria bem. A toda hora, me imaginava na Bahia, na sombra de um coqueiro – sem dores, frio na barriga e coração acelerado. Sabia que essa imagem, mais que um desejo, era uma certeza. Eu tinha que ir.

Desde julho, meus pais estavam morando em Barra Grande, onde davam aula em uma escola Waldorf comunitária. O Jardim do Cajueiro atende mais de 100 crianças – a maioria passa horas em um ônibus com buracos no chão só para estar ali… Apesar de atrair milhares de turistas, há muita pobreza naquele pedaço de paraíso.

Barra Grande é uma pequena vila no litoral baiano, com ruas de areia e pessoas simpáticas e amorosas. Na primeira semana, eu e Dudu nos engajamos em desbravar as praias, piscinas naturais, restaurantes e ilhas. Dia após dia, acordamos cada vez mais relaxados e felizes. Planejamos como seria morar ali e fazer da leveza a regra, não a exceção.

O Dudu voltou pra Floripa e eu fiquei mais. Sem saber o que fazer, fui pra escola com meus pais. Passei a manhã por lá e, quando acabou, tinha sido fisgada. Não entendi bem o porquê, mas senti vibrar cada pedacinho do meu corpo. Seria a animação das crianças, a energia da escola ou o entusiasmo dos meus pais? Minha única certeza era que voltaria no dia seguinte. E voltei. Não só naquele, mas em todos até minha partida.

Me acostumei à nova rotina com facilidade. De manhã íamos os três pra escola, almoçávamos em casa, saíamos para caminhar na praia, mergulhávamos nas piscinas naturais e assistíamos à lua nascer no mar. De noite íamos pro centrinho comer tapioca ou pastel e encontrar amigos queridos. 

Quando chegou a hora de ir embora, mal reconhecia a Iana que havia chegado ali: tão fraca, assustada e desempolgada. As paisagens maravilhosas e os sorrisos das crianças foram meu combustível. Durante três semanas, vivi uma vida extremamente simples, mas tão cheia de propósito e alegria.

Foi difícil dizer adeus aos meus pais. Olhava para eles no píer e meu coração explodia de orgulho. Eles sempre foram pais maravilhosos e fico muito feliz que outras crianças tenham a oportunidade de aprender com eles também. Entrei na lancha e as lágrimas caíram pesadas. De gratidão, saudades antecipadas e muito amor.

Meus pais e a fantástica turma do quarto ano:

por mais leveza

Assim como estou tentando deixar a poeira acumular nos cantos da casa, vou me esforçar para encarar o blog com mais leveza. Passar aspirador três vezes ao dia é tão cansativo quanto preparar meticulosamente cada foto e texto que posto por aqui.

Não faz sentido que o que me traz tanto prazer seja fonte de tanta cobrança. E, no fim das contas, a quem estou querendo agradar? A mim mesma? Então declaro que o nível de exigência desce e o de espontaneidade, liberdade e felicidade sobem. Viva!

Nada melhor pra começar a nova fase que com um post-meme. Fui indicada pela querida Bá Moretti para responder oito perguntas por escrito. Nunca participei de correntes virtuais, mas sempre achei tão divertidas! Aí vai:

As perguntas eram: 
1. Qual é o seu nome?
2. URL do seu blog
3. Escreva: ‘The quick brown fox jumps over the lazy dog’
4. Citação
5. Música favorita (no momento)
6. Cantor/Banda favorita (no momento)
7. Diga o que quiser
8. Indique 3 blogs

E, pra reforçar o desafio de ser mais leve, termino o post com uma foto da sujeira que não vou limpar hoje!

 

 

de mudança (outra vez)

Tropeço no varal a caminho da janela – na ausência de lavanderia, as roupas secam no quarto, num espaço apertado entre a cama e o armário. Na cozinha, preparo o café em cima da máquina de lavar e, no box, tomo banho rodeada de baldes, esponjas e panos de chão. No meio da tarde, o sol que entra é tão forte que me pergunto se trabalhar em casa foi mesmo uma boa ideia. À noite, o cheiro de fritura do vizinho sobe pelo fosso e, de madrugada, rolo na cama insone pelo barulho da avenida. Mas nada é mais provocador que o forno – que apaga sozinho, destruindo receitas e testando nossa paciência. 

Estamos de mudança, e, se um dia desejei sair desse apartamento, hoje só consigo pensar no quanto ele me fez feliz. Essa manhã me dei conta que nunca mais vou morar aqui e me arrependi de ter reclamado de problemas tão pequenos. Peguei a câmera e registrei cada cantinho, enquanto chorava de culpa e saudades. 

Aqui vivemos momentos maravilhosos, mas são os mais simples que não quero esquecer: o beijo que o Dudu me dá antes de ir trabalhar; as danças no meio da manhã com a Matilda; o almoço que cozinho sozinha, orgulhosa da minha evolução; os jantares que preparamos juntos, bebendo vinho e ouvindo música; o dia que termina com nós três dormindo no sofá.

Quando mudamos pra cá, apelidamos esse apartamento de ovinho, por ser todo branco e muito apertado. Hoje as paredes estão cheias de cores, e as lembranças são tantas que os cômodos parecem enormes. Sempre soubemos que seria temporário, mas é impossível não sentir a dor da despedida. Esse sempre será o nosso primeiro lar.

Adorei relembrar algumas das últimas mudanças: aquiaqui, aqui e aqui.

manhãs de sábado

(coletânea de fotos das últimas manhãs de sábado)

Acordo com o peso da Matilda no cobertor. Mesmo aos sábados, o Dudu sai cedo da cama, mas ela fica ali – esperando eu levantar. Assim que abro os olhos, se arrasta até mim para lamber meu rosto. Faço carinho em sua barriga e curtimos juntas mais alguns minutos de preguiça.

O Dudu serve minha xícara de café e me entrega com um beijo. Na cozinha, preparo tapioca, ovo, suco, ou o que der vontade – enquanto ele lava a louça acumulada. Colocamos música e não demora para eu começar a dançar. Seguimos a arrumação rindo dos meus movimentos improvisados.

Raramente comemos na mesa: o Dudu gosta de passear pelos cômodos e eu de sentar no tapete onde bate sol. Já a Matilda continua seu sono no sofá. Lemos revistas, mexemos no celular, ou terminamos o filme da noite anterior. No sábado de manhã tem o que quisermos, menos mau humor.

Não sei por que gosto tanto dessas poucas horas em que fazemos nada – mas um nada que é o bastante. Talvez seja a paz, o aconchego e a sensação de ter tudo que preciso. Não importa o que acontece no fim de semana, é sempre difícil superar a delícia das manhãs de sábado. 

 

 

maio e a felicidade

Assim que estacionei na garagem do prédio, uma música que gosto tocou no rádio. Sem pensar, desliguei o carro e aumentei o som. Cantei sozinha, bem alto e desafinada, com os olhos fechados e as mãos dançando no ar. Senti cada nota vibrar dentro de mim. Não existia tempo nem espaço, só sensações – e eram deliciosas. 

Maio foi assim: repleto de momentos tão insignificantes quanto especiais. O Dudu está no fim do mestrado e por isso quase não saímos de casa. Achei que sentiria falta dos passeios, mas descobri que a cozinha guarda tantas aventuras quanto uma trilha inexplorada – e que quando acabam as receitas, ainda tenho as lãs, os livros e os filmes para desbravar.

Em maio, lembrei que a felicidade está a um pensamento de distância: aquele em que escolho ser feliz. Parece simples e óbvio, mas nem sempre é. Ser feliz é uma escolha que demanda vontade, desprendimento e confiança – e nesse último ainda tenho bastante que trabalhar.

Às vezes é difícil confiar na vida quando há injustiça, doença, violência e tragédia. Sei que minha felicidade não resolve os problemas do mundo, nem me livra dos meus – mas também sei que é a melhor versão de mim que posso oferecer, a mim e aos outros. Afinal, ser feliz não é ser acomodado, é ter ainda mais forças para lutar. 

Em maio, perdi a conta de quantas vezes espantei a raiva e o medo apenas com um pensamento positivo. Mesmo quando a realidade é difícil – e as notícias, apavorantes -, o caminho do bem continua dentro de nós. Os desafios sempre existirão, basta escolher como enfrentá-los. Eu prefiro sorrindo.

amor jovem

Quando namorávamos há cinco anos, decidimos fazer intercâmbio. Optamos por países diferentes: eu pela Espanha e o Dudu por Portugal. Parecia o mais sensato a fazer, afinal, dizem que é preciso estar sozinho para curtir a juventude – e estar longe era o mais próximo disso que conseguíamos imaginar.

Só não contávamos com o detalhe que nos encontraríamos todo fim de semana. Cruzávamos fronteiras para estar juntos uma noite, e eu chorava desoladamente a cada despedida. No fim das contas, atravessamos o oceano para descobrir o óbvio: que só cabe a nós opinar sobre o que é nosso.

Nunca saberemos como seria se não tivéssemos nos encontrado ainda na escola. Talvez sairíamos mais, conheceríamos mais pessoas, viveríamos mais aventuras. Com certeza, não teríamos tido tanto amor – um amor que nasceu cedo, mas que cresce a cada dia, todos os dias. 

dia das mães

O Dia das Mães começou como pede a tradição: tomando café da manhã na cama da minha mãe. Às 10h, eu e minhas irmãs subimos as escadas carregando pães, biscoitos e suco – em direção ao quarto da mulher mais importante da nossa vida. 

Comemos lambuzando os dedos enquanto fazíamos planos pro dia. A Nina pegou sua flauta transversal, guardada há meses, e tocou uma das músicas mais bonitas já compostas, deixando todos emocionados. Almoçamos na beira da lagoa, numa mesa embaixo de uma árvore. À noite, fomos ao cinema assistir à um documentário sobre o começo da vida.

O dia foi tão bom que dormi com a sensação de ter recebido um presente – e realmente recebi: uma mãe maravilhosa que tanto amo e admiro. <3

frio

De um dia pro outro, as temperaturas despencaram. E eu, que estava tão contente com o verão prolongado, fiquei toda animada pro inverno. O frio trouxe aquilo que nem lembrava gostar: canjica, paçoca, cobertor e meia calça. Mas, mais que isso, ele me trouxe serenidade – ou foram as taças de vinho que bebi para esquentar. ;)

No fim de semana, meus pais viajaram e a Alice veio pra minha casa. O Dudu estava ocupado com o mestrado, então ficamos nós duas: emendando programas na televisão, cozinhando e comendo chocolate. No sábado à noite, senti uma alegria plena – daquelas que só se sente quando se é feliz com pouco.

panqueca de banana e aveia

Minhas receitas favoritas são aquelas que posso fazer sem planejamento. A panqueca de banana com aveia é uma delas: fica pronta em minutos e sempre tenho os ingredientes em casa. 

Ela é perfeita pro café da manhã de domingo, ou lanche da tarde – quando bate aquela vontade de comer bolo, mas falta tempo de preparar. Ah, uma dica é guardar as que sobrarem na geladeira e depois esquentar na torradeira. Fica até mais gostosa!

Panqueca de banana com aveia (sem glúten e sem lactose)
(rende 9 panquecas)

– 3 bananas pequenas
– 2 ovos
– 1 xícara de farinha de aveia (use certificada sem glúten, se for celíaco)
– 1 colher de sopa de mel
– 2 colheres de sopa de água
– 2 colheres de sopa de óleo de coco (pode ser outro óleo vegetal)
– 1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio
– 1/2 colher de chá de canela
– 1/2 colher de chá de sal
– chocolate picado

– amasse a banana e misture com o mel, água, óleo de coco e ovos.
– acrescente o restante dos ingredientes.
– deixe a massa descansar por cerca de 10 minutos ( enquanto você lava a louça e guarda os ingredientes)
– aqueça uma frigideira com um pouco de óleo e, depois de quente, despeje uma concha da massa para formar cada panqueca.
– deixe cozinhar por cerca de 3 minutos e vire por mais 1 minuto.

* Ah, o paninho da foto é de um jogo americano lindo feito por uma amiga querida. O site da loja dela é esse aqui.